Quid pro Quo
 
Não vou exigir isso de ninguém, prometo! Mas sei lá, acho que a natureza pelo menos faz esse chamado. Ela produz tanto! Uma grande fazenda de vidas é cada ser humano, em nós moram tantos bichinhos preocupados em fazer seus minúsculos serviços, muitos sem saber que obra terminam, ou qual começam.

Eu queria ter isso em mim, e que tivesse isso também nos outros, uma sensação de obra coletiva nos meus atos, queria que me individualismo fosse enfim descontinuado, e não posso fazer isso sozinho, a natureza até pede, eu até tento, mas ao bem da verdade, devo admitir que sem a companhia de outros não dá.

Para piorar, a educação que recebemos é uma madrassa terrorista, totalmente fundada numa competição estúpida que amaldiçoa o futuro e maldiz o presente, essa educação vinda de sensações de medo, de sensações de oportunidade, elas todas são desesperos de pessoas programadas para ter pressa ou então vítimas de quem tem essa síndrome de quero vencer.

A competição deve existir, mas em restritos círculos de luta, realmente em lugares ou dianteiras onde não há outra forma de relacionamento, no núcleo sensível da sociedade, onde se guardam as pessoas e os recursos, devemos ali agir de outra maneira, nos poupando da caríssima pré-postura competitiva e acionar nossa intimidade para ligar-se às intimidades dos outros, pelo menos no tanto que tange a todo mundo.

A natureza faz um esforço imenso para criar cada ser humano, e se espera que de dentro de cada um a semente da dignidade brote imperativa, fazendo sombra e ambiente para as crianças que nascem todos os dias sentirem-se afagadas por um futuro na mesma cultura.

E eu que vivo a brigar com idealismo não perco esse de vista, e não o tomo como alvo de minha ferrenha luta contra eles, pelo contrário, em nome da dignidade, do respeito à vida e seu imenso valor, tento olhar para ele e acender dentro de mim todos os meus motivos de viver, sem nenhum medo de ser piegas ou inocente, porque para ser sincero se não existe outro motivo de estarmos respirando para o bem do todo, não sei qual seria a função de vivermos.

Eu pelo menos vivo pelos outros, e isso é minha razão de existir por trás das minhas grossas paredes de medo, sei disso quando vejo e me envergonho de que sou parecido com pessoas arrogantes e destemidamente individualistas, nossa! Como me envergonho disso em mim! Mas é tão difícil vencer o abstrato ambiente de competição ao meu redor, me vejo inevitavelmente compelido a agir como age essa selva de banalidades.

Estou afirmando para mim que meu espírito ama todo mercantilismo possível, mas de maneira nenhuma permite a supressão das razões e valores sócio-ecológicos só porque é voz do povo. Não mesmo! Eu faço um esforço muito grande para tentar manter a minha chama acesa, uma vontade imensa de emendar meu carinho pelo mundo com o carinho de poucas boas almas por aí, pessoas instruídas são aos montes, mas tão pulverizadas na multidão conveniente que eu até perco minhas esperanças num primeiro momento.

Vou guardar essa obrigação "Quid pro Quo" com a Verdade, o espírito da vida está aqui dentro perguntando o que fiz por ele hoje, e eu vou me perguntar uma questão ainda maior: o que fiz para me orgulhar no presente-minuto que recebo à cada instante?

E essa minha questão será a primeira terra boa onde cultivar os dias vindouros. Seja piegas ou inocente de minha parte.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008 - 06:24

            Lopes Castro Gustavo


 
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