O passado passando.
 
De repente num começo de noite as pessoas na ponte passavam por mim como se eu as conhecesse, todas elas eram indivíduos que vivenciei ao longo da sorte, à medida de meus passos os rostos ficavam mais jovens, porém todos conhecidos, pessoas bem mais velhas que eu estavam ali em peles inocentes, com a face excitada nas esperanças dos ontens, encontrei meus parentes doces e amargos, tudo era terrivelmente familiar, uma vontade de chorar despertou o meu mar retido, segurei cada lágrima temendo espantar o sonho daquele trajeto, por fim fui vendo meus próximos, eram os amigos mais amados. Senti os recomeços como uma novidade, sem saber explicar todos ali estavam, e vi também o tamanho de nossas semelhanças, as idades, os desejos, os pecados, os medos, as horas vivas em peles novas, até o mais velho amigo era uma criança no meu horizonte, e os ombros desciam a cada passo, vi a inocência arrebatadora de minha mãe, e tudo que havia ainda no caminho daquela menina, vi e me derramei por dentro, nenhuma ponte conseguirá chegar ao fim do mar afogado em meu peito, as almas vão para algum lugar no céu e todas passam por dentro de mim.

domingo, 20 de setembro de 2009 - 10:27

            Lopes Castro Gustavo


 
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