O Caminho Pelas Sombras
 
Havia muita revelação das coisas dentro de mim, e eu via tudo isso como se sentisse diante de um escândalo, super impressionado com as luzes de cada assunto terminei enfim entendendo o devido valor disso tudo que eu guardava.

As luzes então começaram a escapar, como vaga-lumes de um vidro, eu fiquei vazio e pronto para recepcionar outras coisas, eu fiquei humilde em relação ao meu ontem.

Talvez as luzes de um outro tempo realmente conseguiram me sufocar, antes eu tinha um pesadelo revelado, e meus olhos se ofuscavam com a grandeza falsa, eu vi mais do que realmente tocava o tanto assustador que é o sol dentro de cada coisa.

Mas até aí tudo normal, preenchido de um pensamento muito gentil ou politicamente correto, desenvolvi a habilidade emocional de abraçar todas as possibilidades e valores que eu pudesse, versus a isso tive uma postura arredia e intocável, só para que dentro de mim sobrasse tempo para degustar cada sol que se aproximava e dormia em mim.

Muitos sóis couberam nesse vidro, assisto a todos eles com o peso esperado de alguém que tem estrelas na barriga, e isso me cansou, a ponto de ficar sem energias ou visão.

Cego, cansado e pronto para desistir dos velhos ontens eu deixei escapar os valores de tudo, e se esvaziou assim os vaga-lumes de cada coisa, piscaram antes de sumir na escuridão ao redor, e um sol gentil começou a nascer distante.

Quando foi hora alta para ele estar bem acima de mim, as coisas não tinham em seus corações os brilhos de antes, e tudo começou a fazer sombra, e eu segui pelo caminho da humildade, sem ter dentro de mim os valores que antes possuía.

Os entendimentos anteriores agoram brilham em alguma constelação num passado pouco importante, o meu sol unitário está ao meio-dia dos fatos, gerando um caminho reservado para eu não machucar minhas peles.

Pode ser que eu não esteja mais impressionado com as coisas, e isso me deixe sem falar delas em cada palavra sobre mim, afinal não há mais brilhos carregados, e o peso da experiência é leve como se eu estivesse vazio de verdade, mas a verdade é que não estou e nem nunca estarei, porém nada recicla minha vivência, antes abre novas clareiras para matas que deveriam resistir eternas naquele lugar, guardando seguros os vaga-lumes desconhecidos, e seus caçadores ao redor, cheio de peitos vazios, como são meus olhos agora.

Eu estou fugindo para a mata, lá há sombra suficiente e já me chega um sol ao meio-dia, vou tomar conta dos vaga-lumes ao meu redor ao invés de dentro de mim, há um princípio de humildade nascendo nos meus itinerários, as palavras foram abertas e sóis escaparam para ficar em ontens a cada passo mais distantes.


Não tenho mais valor, não tenho mais brilho, não tenho mais nada a carregar dentro de mim se não a vontade de estar sempre leve, e com os ontens brilhando bem longe daqui.

quarta-feira, 16 de abril de 2008 - 18:24

            Lopes Castro Gustavo


 
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