As Tempestades Avisadas
 
Ouvi os murmúrios antigos, os receios de gente antes de mim vieram a falar sobre as pessoas em meu futuro, a falação persiste, e na escuridão do horizonte distante há um fio de morte encerrando o sol antes do seu pôr, eu conheço essas ladainhas de muito tempo já, ergueram elas as pirâmides, os altares do crescente fértil, os fóruns em todo império, e também os corações dos exércitos, antes e depois de mim as tempestades se prometem entre si, um rio que vem do céu quer encher todos os cantos entre as montanhas, e o sol morrerá no vale do futuro, porque é assim o medo, a tradição da covardia, a nos avisar dos anos que virão e temer pelos que passaram, reciclam os muitos leitos de sangue, as muitas idéias de morte, de glória sobre o sol, e a Verdade se impugna nas paredes antigas dos velhos templos, convidada a rezar por si mesma, enquanto os trovões ressoam em todas as direções de nossos caminhos, ao lado de seres humanos que semeiam tempestades no peito de um dia ensolarado.

domingo, 23 de março de 2008 - 04:24

            Lopes Castro Gustavo


 
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