Dos Desamarros
 
Gosto de desamarrar os sapatos, de sentir os fios trançados do cadarço sarrarem uns aos outros, gosto do desvendo ao sentir o calor em mim libertado, e também das nuvens que se desfazem depois de um céu magnífico se montar no horizonte, gosto do Adeus fincado no meu peito pela força da vida, como se ali uma semente brotasse. E os crepúsculos sempre estarão ali depois de um dia, como promessa bem feita de um sol que houvera passado, de um sonho que chegasse ao fim na alvorada de um amanhecer recém desperto. Gosto das fendas e dos chamados intrínsecos nelas, do convite à liberdade, do piscar de olhos nos novos amores, dos sorrisos trocados e de uma nova tentativa reveladora, sim, reveladora, do quanto a vida é madrinha dos sonhos e cada atitude a gestante do meu bem querer, sim, meu bem querer, à sorte dos dados jogados, dos infelizes azarados, dos sortudos e da flor matutina abrindo suas pétalas, elas sem demorar com suas belezas até outros botões vingarem nos braços da floreira, esta a debruçar diante da paisagem pendente à coragem nascida diante dos amanhãs, e dos homens que sabem dos tantos começos nos fins. E ouvi dos sapatos que acabo de amarrar: "- Vamos para outra caminhada?"

quinta-feira, 14 de junho de 2012 - 01:09

            Lopes Castro Gustavo


 
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