Flor de Nadas
 

Tem esse calor que dissolve as velas - o sol suado fora das lápides - e tem a chama que faz o mesmo, do lado de fora do fio apaixonado há o corpo puro dado aos desejos dos dias, e à espera de ser queimado por uma fé alheia, ouço dessas irmãs-brancas encostadas nas mármores das sepulturas um doce canto sobre nossas juventudes, que tão fugazes saem de suas vidas, é a mesma ladainha que dá o tremido da chama, ou à sua altura quase tocando o céu religioso de quem a acende. Pelas alamedas do cemitério passam cabisbaixos os meninos órfãos e as viúvas - sonhos e esperanças de quando somos apenas crianças - a maturidade dos anos dissolvem nossas peles como parafina, e o coração-pavio faz o caminho desse fogo que nasce do sorriso alheio, minha fé nata.

Ouvi da beleza das minhas irmãs brancas:

"- A juventude e o fogo são nossa flor de nadas."

domingo, 28 de outubro de 2012 - 20:52

            Lopes Castro Gustavo


 
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